Pai viciado em drogas; violência doméstica; e noivado com duas moças: conheça a história de Gilberto, do ‘BBB 21’
BBB 21- Desde que botou os pés na casa do “BBB 21”, Gilberto vem conquistando o público com seu jeito irreverente. Mas a vida do pernambucano de 29 anos não foi só alegrias e sorrisos.
Pelo contrário. Gil passou por muitas dificuldades e traumas na infância, quando via o pai, então viciado em álcool e drogas, batendo na mãe. As agressões se estendiam a ele, caçula dos três filhos da nordestina Jacira Santana.
“Ele me via apanhando e também sofreu violência psicológica, já que o pai, negro, dizia que ele não era filho dele por causa da cor. O pai dele me acusava de traição e batia em mim”, conta a mãe, que se separou do marido quando Gil tinha 4 anos.
Hoje, o brother não tem mais contato com o pai. Foi Jacira quem criou ele e as duas irmãs com o salário de doméstica, auxiliar de cozinha e de serviços gerais, no município de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, onde o BBB nasceu.
“Morávamos de aluguel na época e eu tinha que comprar comida e sustentar a casa. Não tinha dinheiro para roupa. Gilberto só tinha uma calça e uma camisa verde, que ele ganhou e que usava em todos os lugares. Ele foi crescendo, e só usava essa mesma roupa. Na época, chamávamos ele de ‘esperança’, por conta da cor da camisa e da calça”, lembra Jacira, que atualmente está desempregada: “Mas ele nunca chorou pedindo algo. Sempre foi uma criança compreensiva”.
Diante de tal realidade, Gilberto foi à luta e conseguiu um primeiro trabalho, aos 15 anos, como auxiliar de garçom, limpando mesas num restaurante da cidade. O serviço era conciliado com os estudos e poucas horas de sono. O dinheiro que ganhava ia todo para as despesas da casa.
“Lembro dele na época me ligando chorando, dizendo que não estava aguentando trabalhar muito e dormir pouco. Aquilo me marcou. Eu dizia para ele: ‘trabalho não mata ninguém’. Ele também chora quando lembra”, diz a mãe.
Aos 16, Gil ingressou numa corretora de seguros como auxiliar administrativo e as coisas começaram a melhorar. Como não tinha computador em casa, chegava mais cedo no trabalho para estudar para o vestibular. Incentivado pela mãe, passou no curso de Economia na Universidade Federal de Pernambuco, onde hoje faz doutorado.
O foco nos estudos foram, por muitos anos, divididos com a dedicação à igreja. Aos 10, se tornou mórmon e trabalhou por dois anos como missionário, visitando periferias de São Paulo. Ao retornar da missão, decidiu revelar sua homossexualidade publicamente. O assunto, aliás, nunca foi um tabu para dona Jacira, que sempre acolheu o filho.
“Mãe sempre sabe, não é? Não foi surpresa. Gil sempre foi muito respeitado aqui na bairro. Ele só sofreu preconceito mesmo quando criança, adolescente e já adulto por algumas pessoas da igreja que ele frequentava”, conta Jacira, acrescentando que o o filho chegou a ter duas noivas e por pouco não se casou: “Ele foi noivo de uma quando foi para a missão e de outra quando retornou. Mas isso não ia dar certo. Hoje, elas estão casadas”.
O imóvel onde ele vive com a mãe, um apartamento de dois quartos e 44 m², localizado num condomínio simples na periferia de Janga, a 15 quilômetros da capital pernambucana, foi financiado por 15 anos pelo programa habitacional do governo federal Minha Casa Minha Vida. A família mora no quarto andar, e o prédio não tem elevador. Com R$ 10 mil, a mãe quita o financiamento da casa própria, seu grande sonho. Se ganhar o prêmio de R$ 1,5 milhão do programa, Gil pretende investir o dinheiro para fazer seu PhD nos EUA: “Ele sempre falou que ia melhorar de vida e sempre correu muito atrás. Tenho muito orgulho do meu filho”.
Fonte: Extra/Yahoo Notícias