Jovem que matou garota gamer em SP afirma fazer parte de grupo de soldados contra o cristianismo: ‘Não terá Deus para protegê-los’
Guilherme Alves Costa, de 18 anos, que matou com golpes de faca Ingrid Oliveira Bueno da Silva, de 19 anos, em Pirituba, zona norte de São Paulo, deixou um livro escrito por ele próprio contendo planos para executar pessoas cristãs. O crime aconteceu na segunda-feira (22) e Guilherme foi preso em flagrante.
No documento, o jovem afirma fazer parte de um “grupo de soldados contra o cristianismo”. Ao prestar depoimento no 87º Distrito Policial, ele disse que planejou seu assassinato há cerca de duas semanas e que o motivo dele ter cometido o crime estaria em seu livro.
“Participo de um grupo de soldados que estão preparados para fazer a mesma coisa que eu efetuei. Eu não sou o líder do meu grupo, sou apenas um soldado que cumpriu uma missão que lhe foi designada. O meu exército é totalmente sigiloso”, diz trecho do depoimento.
De acordo com a Polícia, os jovens teriam se conhecido em um jogo online e marcado um encontro ao vivo. Segundo Guilherme, Sol, como a garota era conhecida, teria “atravessado seu caminho” ao se negar a realizar um “ataque [contra cristãos]” com ele.
“Através deste ataque, vou apresentar nossas ideias e do que somos capazes de fazer. […] Sejam obedientes e façam tudo que exigirmos, até porque quando um soldado entrar em alguma denominação cristã com uma automática [arma] efetuando diversos disparos contra o crânio de fiéis, não terá um Deus para protegê-los”, diz outro trecho do depoimento.
Até agora, não há confirmação da existência desse grupo secreto que promoveria ataques a igrejas evangélicas, do qual Guilherme disse fazer parte. De acordo com a Band, a delegada responsável pelo caso quer saber se Ingrid, ao desistir de fazer parte dos planos ou ao tentar impedir o amigo de executar a tal ação, acabou sendo morta por ele.
A jovem era uma gamer conhecida, que usava o apelido Sol e gostava de se vestir de acordo com os perfis que criava para os jogos. Ela jogava Call of Duty: Mobile pelo time FBI E-Sports. Guilherme também era gamer, mas atuava na equipe Gamers Elite.
Prisão preventiva
Em um vídeo que circula pelas redes sociais, é possível ver o momento em que policias prendem Guilherme. No momento que era algemado, o jovem admitiu que matou Sol. Ele ainda disse, dando risadas, que seu estado mental estava apto e que a matou “porque queria fazer isso”.
Após a detenção, o Ministério Público (MP) emitiu parecer favorável para a prisão preventiva de Guilherme. De acordo com a Band, a juíza do plantão judiciário da Barra Funda, Gabriela Bertolli, acatou o pedido por entender que o rapaz é um risco à sociedade.
No despacho, a magistrada mencionou duas qualificadoras para o crime: motivo fútil e sem chance de defesa para a vítima.
Guilherme deve ser ouvido ainda essa semana por um psicólogo forense que vai avaliar as condições psicológicas do rapaz.
Relembre o caso
Na segunda-feira (22), Guilherme postou um vídeo em rede social em que confessa ter matado Ingrid. O autor do crime afirmou em outra postagem que seu objetivo era divulgar um material por escrito contendo planos de executar pessoas cristãs.
Os dois se conheceram pela internet. Ela foi visitá-lo na casa dele, onde foi atacada. Não há informações ainda se a jovem seguia alguma religião, mas ela era conhecida na web por participar de jogos online. Uma comunidade de jogadores postou nota de luto em um grupo de Facebook. Amigos e conhecidos lamentam sua morte.
“Hoje (segunda-feira, dia 22) tivemos uma perda dentro da comunidade CODM (Call of Duty Mobile), Sol que jogava na FBI ESports foi brutalmente assassinada na tarde de segunda-feira. Estaremos em luto durante 24hrs em sua homenagem. Não a conhecia, mas empatia é sempre bom. Que Deus conforte sua alma e a de seus familiares e amigos. F”.
Segundo informações do boletim de ocorrência, policiais militares foram acionados para atender uma ocorrência de mulher esfaqueada e, na residência de Guilherme, encontraram o corpo de Ingrid com “diversas facadas”. O óbito foi constatado por uma equipe do resgate.
O autor do crime fugiu após golpear a vítima e chegou a dizer para a família que ia cometer suicídio. O irmão de Guilherme, contudo, contou aos policiais que conseguiu convencê-lo a não se ferir e a se entregar. Ele afirmou também que não conhecia Ingrid. Os parentes da vítima não tinham informações a fornecer sobre a relação dela com Guilherme.
Cerca de 30 minutos após o crime, o autor compareceu no Distrito Policial, onde confessou o homicídio e disse que conheceu a vítima na internet há pouco mais de um mês.
Ainda de acordo com a SPP, foram solicitados exames periciais e carro de cadáver. O caso foi registrado como homicídio qualificado no 87º DP. O estudante ficou à disposição da Justiça.