CAOS: Pode faltar caixão com alta de enterros e material escasso
Caixão – A Prefeitura diz que os números estão na média: entre 240 no verão e 300 no inverno. Em relação à semana de 18 a 24 de fevereiro, também houve alta, de 9,5%, (média diária de 200).
O Complexo da Vila Formosa, zona norte, foi o cemitério público que mais realizou sepultamentos na cidade, seguido do São Luiz, Vila Nova Cachoeirinha, Dom Bosco e São Pedro.
Os cinco registraram, juntos, uma média de 91 sepultamentos diários nos meses de janeiro e fevereiro. O Brasil tem batido recordes diários de mortes pela covid-19, com média de 1.361 vítimas.
A gestão Bruno Covas (PSDB) afirma ainda ter contratado mais 30 sepultadores. “A contratação de novos terceirizados se fez necessária considerando o afastamento dos servidores que são parte do grupo de risco”, afirma a administração municipal. Também houve acréscimo de dez veículos na frota.
Custos para produzir urnas funerárias aumentou, diz associação
Presidente da Associação de Empresas e Diretores do Setor Funerário (Abredif), Lourival Panhozzi diz que a situação é preocupante “como em nenhum outro momento estivemos na pandemia” e que o setor funerário, em algumas localidades, “estão próximo de um limite”. De acordo com ele, o setor funerário está sentindo “aumento real no número de óbitos absolutos”, ou seja, a soma de todas as mortes somadas, não apenas pela covid-19.
Ele diz que as funerárias, em regra, são estruturadas para atender até três vezes a demanda média mensal, “pois não podem atender apenas a média diária do local em que se localiza, há dias com menos e há dias com mais mortes. Não é de forma igualitária, por isso temos capacidade de remanejar e de estruturar o atendimento que está suportando.” Mas Panhozi ressalta que isso vale para períodos de atendimento comum, não para a demanda que está havendo agora por causa da pandemia.
“Minha preocupação não é a capacidade das indústrias de produzirem urnas suficientes, o que já foi uma preocupação anteriormente. Um problema grave é que está faltando matéria-prima para as indústrias produzirem. Estão tendo dificuldade em encontrar material até para fazer urnas”, relata Panhozi.
Segundo ele, quase a totalidade das indústrias já não estão conseguindo produzir todos os modelos do catálogo. “Isso sem contar que houve aumento expressivo nos custos dessas indústrias para a produção, que repassam ao setor funerário, que por sua vez, não conseguem repassar para a sociedade, já que o serviço funerário é regido por contratos, onde os valores e reajustes são regulamentados”, afirma o presidente da associação.
Segundo Panhozzi, há várias cidades com crescimento muito alto, como Jaú e Bauru, mas a demanda é volátil. “E graças a essa volatilidade estamos tendo fôlego, pois há colaboração na rede entre os fabricantes e dos funerários para a distribuição de urnas nos locais que mais têm demanda. Agora, se esse quadro for agravado e houver demanda elevada em todas as cidades, aí não tem vai ter jeito, vai ficar muito ruim.”
Em relação à covid-19, as cidades que mais tiveram crescimento de mortes nos últimos setes dias no Estado de São Paulo, conforme a ferramenta SP-Covid-19 Info Tracker, plataforma criada por pesquisadores da USP e da Unesp foram: Dracena 21,88%, Araraquara, 16,67% e Cajamar, 15,58%.
A cooperação entre a rede de funerárias ajuda a suportar a alta demanda, porém reforça a preocupação com a falta de matéria-prima informada pelos fabricantes de caixões. “Esses números estão próximo de um limite, e nós ainda não o alcançamos porque temos uma estrutura, um estoque, em regra o setor está conseguindo ainda operar, mas a escassez de material que começa a ocorrer no nosso segmento nos preocupa, porque de nada adianta a gente ter capacidade de atender e as fábricas terem capacidade de produzir se elas não encontram matéria-prima.”