PAULO AFONSO: Suspeito de sequestro de testemunha de operação que investiga policiais envolvidos em ações de milícia na Bahia é preso
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Prisão ocorreu na manhã desta quarta (28), em cumprimento de mandados contra três investigados. Um dos alvos é irmão de um dos policiais, que já está preso. O que, no entender do Ministério Público, reforça a tese que o sequestro seria para impedir que testemunha prestasse depoimento.
Um homem suspeito de ter sequestrado a principal testemunha de crimes cometidos por policiais civis e militares na Bahia, foi preso na manhã desta quarta-feira (28), durante uma “Operação Cáfila”. Os crimes são investigados na “Operação Alcateia“.
Segundo informações do Ministério Público da Bahia (MP-BA), além do homem preso, dois alvos ainda estão foragidos, dentre eles um oficial da Polícia Militar.
Denominada “Cáfila”, a operação do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) contou com agentes da corregedoria da Secretaria da Segurança Pública (SSP) e foi realizada nas cidades baianas de Paulo Afonso e Conde, e no município de Boca da Mata, em Alagoas. Oito mandados de busca e apreensão também foram cumpridos.
De acordo com o órgão, a ação ocorreu para apurar indícios do sequestro e possível homicídio de Alex Cirino Barbosa, que ocorreu em 7 de abril, em Paulo Afonso. O MP afirmou que a vítima ainda não foi encontrada, mas não há nenhum indício que ela ainda esteja viva.
Conforme o Ministério Público, Alex Barbosa é a principal testemunha das investigações que resultaram na prisão de vários policiais militares, suspeitos de integrarem uma organização criminosa com perfil típico de milícia, como tortura e extorsão, além de tráfico de droga e outros delitos.
O sequestro foi filmado por câmeras de segurança na rua e mostram o exato momento em que a vítima é abordada, imobilizada e colocada dentro de um veículo. As imagens ajudaram as investigações a encontrar uma caminhonete, que já tinha sido vista com um oficial da PM.
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Imagens mostram momento em que Alex Cirino Barbosa foi sequestrado — Foto: Reprodução/Ministério Público
Ainda segundo o MP, o sequestro e possível morte de Alex Cirino é uma “tentativa de intimidar testemunhas e embaraçar a ação penal resultado da Operação Alcateia”, que está em curso na Justiça Criminal de Itabuna e teve audiência de instrução na terça-feira (27).
De acordo com o órgão, um dos alvos da operação desta quarta-feira é irmão de um dos policiais – já preso –, o que reforça a tese que o crime seria para impedir que a testemunha prestasse depoimento.
Com isso, a 1ª Vara Crime da Comarca de Paulo Afonso pediu a prisão temporária do oficial da PM e mais dois envolvidos, além das buscas e apreensões nos endereços residenciais dos investigados e batalhões da PM em Paulo Afonso e Conde, no interior baiano.
Investigações
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Sede do Ministério Público da Bahia (MP-BA), em Salvador — Foto: Alan Oliveira/G1
A Operação Alcateia foi deflagrada em duas fases: a primeira no dia 29 de outubro de 2020, com a prisão de seis pessoas, e a segunda, dia de 27 de novembro, para cumprimento de 11 mandados de prisão preventiva.
À época, o MP afirmou que a operação teve por objetivo desarticular organização criminosa que vinha praticando diversos crimes de homicídio, tráfico de drogas, além de outros delitos típicos de atividade de milícia, como tortura e extorsão.
Segundo as denúncias, as versões apresentadas pelos policiais militares, para os acontecimentos que resultaram na morte das duas vítimas apresentam indícios de adulteração e são contraditórias às provas colhidas na investigação.