DESEMPREGO: Fim de celulares da LG põe em risco 830 empregos diretos

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Fechamento da Fábrica de Celulares da LG no Brasil Colocará 830 Empregos Diretos em Risco no Vale do Paraíba
O anúncio do fechamento da fábrica de celulares da LG no Brasil representa um grande impacto para a região do Vale do Paraíba, no interior de São Paulo, afetando diretamente os trabalhadores locais e a economia da região. O fechamento dessa unidade colocará em risco 830 empregos diretos na região. A decisão está relacionada ao encerramento da produção de smartphones pela LG Electronics, afetando especialmente a unidade da LG em Taubaté, que emprega aproximadamente 400 pessoas diretamente. Além disso, o impacto não se limita a Taubaté: três fábricas terceirizadas, localizadas em Caçapava e São José dos Campos, também estão sob ameaça de fechamento. Essas fábricas juntas têm cerca de 430 postos de trabalho, a maioria ocupados por mulheres, e suas atividades estão diretamente ligadas à produção da LG.
As fábricas terceirizadas Blue Tech, 3C e Sun Tech, que operam em Caçapava e São José dos Campos, são responsáveis por montar e fornecer componentes essenciais para os smartphones da LG. O maquinário utilizado por essas empresas é exclusivo para a produção de celulares da LG, e, caso a marca descontinue sua produção, essas empresas não terão outra utilização para suas instalações, tornando o fechamento quase certo. Weller Gonçalves, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José, afirma que, sem a demanda da LG, essas fábricas estão inevitavelmente em risco de encerrar as atividades. Embora as empresas ainda não tenham sido notificadas oficialmente, as perspectivas não são boas para os funcionários dessas fábricas.
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Impacto Econômico e Social nas Comunidades Locais
O fechamento das fábricas da LG no Vale do Paraíba representa um golpe não apenas para os trabalhadores diretos, mas também para a economia da região, que já vem enfrentando dificuldades com a retração da indústria local. As cidades de Taubaté, São José dos Campos e Caçapava têm uma forte dependência das indústrias automobilísticas e de eletrônicos para a geração de emprego e renda. A indústria automotiva, que também sofreu um grande revés com a saída da Ford do Brasil, agrava ainda mais o cenário de crise. A perda de mais de 800 empregos diretos nas fábricas da LG contribui para a crescente taxa de desemprego e pode gerar uma onda de demissões indiretas, afetando pequenos comércios e serviços que dependem do poder de compra dos trabalhadores.
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Em Taubaté, a unidade de produção de celulares da LG já foi responsável pela fabricação de 600 mil celulares por mês, mas, devido a uma diminuição na demanda e à crescente crise no setor, a produção havia caído para 250 mil unidades mensais nos últimos tempos. Mesmo com a queda na produção, ainda assim, a planta de Taubaté desempenhava um papel vital na cadeia de fornecimento e gerava empregos diretos e indiretos. O fechamento da fábrica colocará em risco não apenas os 600 empregos diretos na unidade, mas também afetará as cidades ao redor, que possuem uma forte dependência dessa grande empregadora local.
O sindicato destaca que cerca de 90% dos trabalhadores terceirizados que atuam na linha de produção da LG em Taubaté são mulheres, o que coloca essas trabalhadoras em uma situação ainda mais vulnerável. Estas operam na montagem dos aparelhos em uma etapa anterior à que ocorre nas linhas de finalização de produtos. Para essas mulheres, muitas das quais são as únicas responsáveis pelo sustento de suas famílias, a perda do emprego será um duro golpe.
A Negociação de Indenizações e os Direitos Trabalhistas
Em resposta ao anúncio da LG, o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté iniciou uma série de reuniões com a empresa para discutir o impacto da decisão nos trabalhadores. A primeira dessas reuniões aconteceu no dia 6 de abril e será seguida de outras ao longo da semana. O objetivo principal do sindicato é negociar uma indenização social justa para os trabalhadores, além de garantir que todos os direitos previstos pela legislação trabalhista sejam respeitados. O presidente do sindicato, Cláudio Batista, afirmou que a luta será para garantir que os trabalhadores recebam as compensações que merecem e que a empresa cumpra com suas obrigações legais e sociais.
O sindicato também se comprometeu a apoiar as trabalhadoras terceirizadas, especialmente as mulheres, que desempenham um papel importante na produção dos celulares da LG. A busca por um acordo que contemple essas trabalhadoras será uma das prioridades nas discussões com as empresas terceirizadas, que também deverão enfrentar a difícil tarefa de encontrar alternativas para a realocação ou compensação de seus empregados.
A Decisão da LG e o Futuro da Indústria no Brasil
A decisão da LG de abandonar o mercado de smartphones globalmente não pegou os trabalhadores de surpresa. Rumores sobre o possível fechamento das fábricas da LG começaram a circular já no início de 2021, quando a empresa tentou vender suas operações de telefonia móvel para o Vingroup, um conglomerado vietnamita de tecnologia. A tentativa de venda das fábricas da LG no Brasil e no Vietnã não avançou, e a decisão final de encerrar a produção de celulares foi oficializada em abril de 2021.
A LG explicou que o motivo principal da saída do mercado de telefonia móvel foi a incapacidade de reverter os prejuízos operacionais que o negócio de celulares vinha acumulando. A empresa revelou que desde o segundo trimestre de 2015, as operações de smartphones estavam registrando perdas financeiras, e o prejuízo acumulado até o final de 2020 foi de aproximadamente US$ 4,1 bilhões, ou R$ 23,1 bilhões. Diante dessa realidade, a LG decidiu concentrar seus esforços em áreas mais rentáveis, como componentes para veículos elétricos, robótica, inteligência artificial e casas inteligentes, setores que apresentam maior potencial de crescimento.
O Procon-SP e os Direitos dos Consumidores
O fechamento da fábrica e a descontinuação da produção de smartphones também geraram preocupações entre os consumidores. O Procon-SP notificou a LG para obter informações detalhadas sobre como será mantido o suporte técnico e a assistência pós-venda para os consumidores brasileiros que possuem aparelhos da marca. O órgão de defesa do consumidor também exigiu que a LG fornecesse uma lista com os modelos de smartphones vendidos no Brasil, a vida útil estimada de cada modelo, bem como informações sobre os planos de atendimento pós-venda e a disponibilidade de peças de reposição.
A LG se comprometeu a continuar oferecendo suporte e atualizações aos consumidores que possuem seus aparelhos, mas as condições desse suporte variam de acordo com a região. Essa decisão foi vista com cautela, já que a continuidade do atendimento a um número crescente de consumidores que dependem de manutenção e reposição de peças para seus celulares pode ser um desafio.
Reflexos para a Economia Local e o Futuro da Indústria no Vale do Paraíba
A crise que afeta o Vale do Paraíba com o fechamento das fábricas da LG é apenas mais um capítulo na história recente da indústria da região. A perda de empregos diretos e indiretos, associada ao fechamento das plantas da Ford e a crescente automação nas indústrias, agrava a situação econômica local. O impacto vai além das fábricas: ele atinge pequenos comércios, prestadores de serviços e empresas locais que dependem diretamente da atividade industrial.
Este é um momento de transição para o Vale do Paraíba, que enfrenta desafios estruturais enquanto tenta se adaptar às novas exigências econômicas. Para os trabalhadores, as alternativas são limitadas, especialmente para os que não possuem qualificação técnica ou que enfrentam dificuldade para se requalificar em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo.
Conclusão: Desafios e Oportunidades
O fechamento das fábricas da LG e da Ford no Vale do Paraíba coloca em evidência os desafios da indústria brasileira diante da reestruturação global e da crescente automação. A região enfrenta um momento de profunda transformação econômica, e o papel dos sindicatos será fundamental para assegurar que os direitos dos trabalhadores sejam respeitados e que alternativas viáveis sejam encontradas para minimizar os impactos desse processo de transição. A busca por novas oportunidades de qualificação e para a diversificação das atividades econômicas da região será essencial para enfrentar a crise.