BRICS 2025: Avanços em Sustentabilidade Espacial e Inclusão Digital Marcam Nova Era Tecnológica

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Em julho de 2025, os países que integram o bloco BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – consolidaram uma nova fase de cooperação digital e tecnológica com foco em inclusão, sustentabilidade e governança global.
O Grupo de Trabalho (GT) sobre Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), liderado pelo Ministério das Comunicações do Brasil, encerrou seus debates com a publicação de uma declaração conjunta repleta de compromissos inovadores, destacando a importância de políticas públicas voltadas à conectividade acessível e ao uso sustentável do espaço sideral.
A declaração final será tema central da cúpula do BRICS, que acontecerá nos dias 6 e 7 de julho de 2025, no Rio de Janeiro, e sinaliza uma mudança de paradigma na forma como as nações emergentes enxergam os desafios do século XXI relacionados à expansão digital, à proteção ambiental e à exploração espacial.
Nova Dimensão: Sustentabilidade Espacial em Pauta
Um dos pontos mais significativos da reunião foi a inclusão, pela primeira vez, de um anexo específico sobre recursos de conectividade espacial sustentável.
Essa adição à declaração conjunta reforça o papel que o espaço tem desempenhado no cenário atual, especialmente com o aumento exponencial de lançamentos de satélites e da movimentação de detritos espaciais em órbita terrestre.
Com a crescente dependência das tecnologias espaciais para comunicações, meteorologia, navegação e segurança, os países do BRICS reconhecem que o espaço orbital está se tornando um ambiente cada vez mais congestionado.
O anexo enfatiza que, se mantida a trajetória atual de ocupação espacial, o risco de colisões entre satélites e interferência em sistemas de telecomunicação poderá comprometer seriamente a estabilidade da infraestrutura global.
Nesse contexto, foi proposto que novas regulamentações internacionais sejam discutidas e atualizadas para garantir que o uso do espaço se dê de forma ordenada, segura e colaborativa.
O documento expressa a necessidade urgente de estabelecer protocolos multilaterais de segurança, compartilhamento de dados e gestão de resíduos espaciais.
📌 Eixo Estratégico | Antes | Depois (Compromissos Reforçados em 2025) |
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🌐 Conectividade Universal | Expansão lenta da internet em áreas remotas; iniciativas pontuais de conectividade. | Compromisso com internet de alta qualidade para todos, inclusive zonas rurais, com ampliação de redes ópticas, 5G estratégico e parcerias para acesso mais barato. |
🌱 Sustentabilidade Digital | Falta de alinhamento entre desenvolvimento digital e metas ambientais. | Alinhamento com sustentabilidade ambiental: uso de energia renovável em data centers, reciclagem de equipamentos e redução das emissões no setor de TICs. |
💡 Ecossistemas Digitais | Iniciativas isoladas para inovação e pouca integração entre setores. | Fortalecimento da inovação nacional com produção de hardware local, formação de talentos em TICs e integração entre academia, setor público e empresas privadas. |
Liderança Brasileira e Participação Multissetorial
A reunião, conduzida no Palácio Itamaraty, em Brasília, contou com a coordenação da ministra em exercício das Comunicações, que também ocupa o cargo de secretária executiva da pasta.
Representando a liderança técnica do Brasil na discussão, a reunião apresentou os compromissos assumidos pelo país no âmbito da cooperação internacional, evidenciando o papel estratégico da diplomacia digital brasileira.
Durante os debates, foi reforçada a visão do governo brasileiro de que a sustentabilidade espacial deve ser tratada como prioridade global.
A atuação do país tem sido guiada por princípios de uso responsável e eficiente das tecnologias geoespaciais, com foco em garantir o benefício compartilhado entre todas as nações.
A delegação brasileira foi formada por membros de diversos órgãos federais, incluindo a Anatel, CPqD, Serpro, além de associações e empresas de destaque como Conexis, Abrint, Telcomp, Cetic.br, ABINEE, P&D Brasil, ABDI e EMBRAPII.
Esse conjunto representou uma abordagem interministerial e intersetorial, fortalecendo a atuação brasileira nas discussões multilaterais sobre tecnologias digitais.
BRICS como Plataforma de Cooperação Estratégica em TICs
O Grupo de Trabalho sobre TICs tem desempenhado papel essencial na construção de um marco comum para políticas digitais entre os países do BRICS.
Sua atuação tem favorecido a harmonização regulatória, a troca de experiências técnicas, a cooperação em cibersegurança e o desenvolvimento de projetos-piloto de inclusão digital.
A coordenação do grupo destacou que o Brasil tem mantido uma postura proativa ao promover a conectividade como direito fundamental.
Foram apresentados programas nacionais voltados à instalação de redes de fibra óptica em comunidades isoladas, concessão de subsídios para famílias em situação de vulnerabilidade digital e estímulo à inovação no setor de telecomunicações.
Essas iniciativas foram reconhecidas pelos demais membros como exemplos de boas práticas, e muitos dos projetos brasileiros deverão servir como modelos para parcerias técnicas bilaterais e regionais.
Exploração do Espaço e Governança Internacional
Com o aumento significativo das operações espaciais por agências públicas e empresas privadas, a governança internacional do espaço tornou-se um dos grandes desafios da década.
O BRICS posiciona-se como um ator relevante nesse debate ao defender o uso coletivo e responsável da órbita terrestre, reconhecendo que o espaço não é um recurso infinito e que sua degradação pode afetar a todos.
Os países do bloco sugerem que novos parâmetros sejam adotados para o licenciamento de satélites, incluindo:
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A exigência de planos de mitigação de detritos;
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O compartilhamento de informações de posicionamento orbital em tempo real;
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O desenvolvimento de tecnologias de remoção de lixo espacial;
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A definição de zonas prioritárias de operação, evitando interferências.
Essas propostas deverão ser levadas a fóruns multilaterais, como a União Internacional de Telecomunicações (UIT) e o Comitê das Nações Unidas sobre o Uso Pacífico do Espaço Exterior (COPUOS), onde o BRICS pretende atuar de forma articulada.
Educação Digital e Equidade Tecnológica
Outro destaque das discussões foi a ênfase na educação digital como vetor de inclusão e transformação social.
Os países do BRICS defenderam a criação de programas conjuntos para capacitação em áreas como inteligência artificial, computação em nuvem, segurança cibernética e manutenção de infraestrutura digital.
Além disso, foram debatidas ações para combater o analfabetismo digital, especialmente entre populações idosas, pessoas com deficiência e comunidades vulneráveis.
A meta é garantir que a transformação digital não aprofunde desigualdades existentes, mas sim, que sirva como ponte para a justiça social.
Perspectivas para a Cúpula de Julho de 2025
Durante a cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, espera-se a aprovação formal da declaração do GT e o lançamento de novas iniciativas multilaterais, tais como:
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Um fundo conjunto para projetos de infraestrutura digital sustentável;
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A criação de um observatório de detritos espaciais compartilhado entre os membros;
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A implementação de uma plataforma comum para a formação de profissionais em TICs;
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A definição de metas para transição ecológica no setor tecnológico.
Essas ações sinalizam que os países do BRICS estão dispostos a assumir papel de liderança na construção de uma governança digital global, baseada em solidariedade, soberania e sustentabilidade.
Conclusão: Cooperação Internacional como Pilar da Inovação Sustentável
O avanço das tecnologias digitais exige, mais do que nunca, coordenação entre países, setores e sociedades civis organizadas.
O BRICS, ao incluir o tema da sustentabilidade espacial em sua agenda estratégica, demonstra um amadurecimento importante diante das novas fronteiras da inovação.
O bloco reconhece que a democratização da conectividade não se limita ao fornecimento de internet, mas envolve um conjunto de políticas integradas que incluem inclusão social, preservação ambiental, segurança internacional e governança compartilhada do espaço.
Com as decisões tomadas em 2025, os países do BRICS reafirmam seu compromisso com a construção de um mundo mais conectado, mais justo e mais preparado para os desafios tecnológicos das próximas décadas.