O que fazer logo após de levar uma “picada” de cobra
O que fazer logo após de levar uma “picada” de cobra? Primeiros socorros logo após acidente com cobra venenosa são importantes para evitar efeitos colaterais.
Um adolescente de 14 anos morreu após ser picado por uma serpente em Santa Catarina, apesar de ter conseguido receber soro antiveneno.
Após o acidente com uma cobra venenosa, os primeiros socorros podem fazer a diferença para a vítima, evitando possíveis danos colaterais.
O que fazer logo após levar uma picada de cobra
A primeira recomendação para um caso de picada é lavar o local com água e sabão. A vítima deve se manter deitada e o membro acometido deve ficar elevado.
Também é importante tirar objetos, como relógios, pulseiras e sapatos, próximo do local da picada da vítima (lembre-se que o local deve inchar e pode dificultar a circulação).
O Ministério da Saúde disponibiliza uma lista de unidades públicas específicas para se procurar em caso de picada —o tratamento é gratuito e garantido pelo SUS.
Elas estão em centenas de cidades espalhadas pelo país. Mas e se não houver uma dessas unidades na cidade ou próximo ao local do acidente? A orientação é que a pessoa vá de imediato ao pronto-socorro mais próximo.
De lá, podem ser adotadas condutas iniciais e, caso seja confirmada que a cobra é venenosa, a unidade de saúde leva o paciente de ambulância a um hospital.
O tratamento no hospital é feito com o soro antiveneno, que pode ser polivalente, no caso de não saber a espécie; ou específico, no caso de identificação da cobra.
Por isso é importante tentar saber a espécie (tirando uma foto, por exemplo) ou levar o animal —caso esteja morto— para ser administrado um soro mais eficiente.
Dependendo dos sintomas, podem ser adotadas medidas para alívio da dor. O local da picada costuma ficar inchado e dolorido, e tontura, náuseas e vista turva são comuns. Entretanto, cada espécie tem um tipo de veneno, o que gera sintomas diferentes no paciente.
Torniquete ou sugar veneno ajuda?
Chupar o local da ferida ou amarrar o membro acometido (torniquete), por exemplo, são práticas condenadas por especialistas e podem piorar a situação da vítima.
Caso você faça um torniquete, o veneno vai agir nessa região de maneira muito acentuada. E ao chupar o local da picada, favorece-se a entrada de microrganismos, podendo ocorrer infecções secundárias.
Não é ataque, é acidente
Segundo Maria Cristina Costa, professora do Laboratório de Herpetofauna da UFPA (Universidade Federal do Pará), é um erro falar que há “ataque de cobras” a humanos.
“Nós evitamos utilizar a palavra atacar, já que a serpente só vai morder ou picar quando ameaçada. Elas não atacam deliberadamente”, explica.
Segundo ela, o ser humano ocupou, historicamente, ambientes naturais dos animais. “Essas mudanças causam o desequilíbrio de todos os organismos que interagem. As serpentes são parte desses ambientes”, conta.
Ela lembra que, no Brasil, há registro de cerca de 360 espécies de serpentes, mas apenas 54 são venenosas. “Não podemos tratar as serpentes como inimigas, elas apresentam um importante papel no ecossistema.
O desaparecimento delas provavelmente trará mais malefícios para as pessoas do que benefícios”, diz. Costa ainda explica que os acidentes em áreas urbanas ocorrem em locais específicos ou por problemas gerados pelo próprio homem.
“É comum nas áreas urbanas existirem parques, campos, lagos, que podem ser abrigo de serpentes. Quando além destas características, ocorrerem acúmulo excessivo de lixo da chuva, falta de saneamento básico, entre outros problemas urbanos, as chances de ocorrerem acidentes por jararacas e outras serpentes aumentam.”
Segundo a pesquisadora, a mais mortal das serpentes no país é da espécie coral. “Elas apresentam na composição do veneno a ação neurotóxica.
Mas acidentes por corais são muito raros, já que apresentam a dentição inoculadora relativamente pequena, são animais de pequeno porte e, portanto, a boca com abertura menor, diminuindo as chances de acidentes humanos”, explica.
Ela orienta formas para que as pessoas se previnam de acidentes. “Para diminuir os riscos de acidentes, deve-se evitar andar desprotegido em ambientes onde potencialmente pode-se encontrar serpentes, como matas, florestas, bordas de lagos e igarapés, plantações ou próximo a entulhos.
A proteção vai desde andar de botas nesses locais, a utilização de luvas de couro quando utilizar as mãos para apanhar roçado, frutas no chão etc.”, diz.
O que fazer em caso de acidente com cobras
Lavar o local da picada apenas com água ou com água e sabão;
Manter o paciente deitado;
Manter o paciente hidratado;
Procurar o serviço médico mais próximo;
Se possível, levar o animal para identificação.
O que não fazer em caso de acidente com cobras
Não fazer torniquete ou garrote;
Não cortar o local da picada;
Não perfurar ao redor do local da picada;
Não colocar folhas, pó de café ou outros contaminantes;
Não beber bebidas alcoólicas, querosene ou outros tóxicos.
Como prevenir acidentes com cobras
O uso de botas de cano alto ou perneira de couro, botinas e sapatos pode evitar cerca de 80% dos acidentes;
Usar luvas de aparas de couro para manipular folhas secas, montes de lixo, lenha, palhas etc.
Não colocar as mãos em buracos.
Cerca de 15% das picadas atingem mãos ou antebraços;
Cobras se abrigam em locais quentes, escuros e úmidos.
Cuidado ao mexer em pilhas de lenha, palhadas de feijão, milho ou cana.
Cuidado ao revirar cupinzeiros; Onde há rato, há cobra.
Limpar paióis e terreiros, não deixar lixo acumulado.
Fechar buracos de muros e frestas de portas;
Evitar acúmulo de lixo ou entulho, de pedras, tijolos, telhas e madeiras, bem como não deixar mato alto ao redor das casas. Isso atrai e serve de abrigo para pequenos animais, que servem de alimentos às serpentes. (Fonte: Ministério da Saúde).
Via UOL