Duas pessoas deram entrada em um hospital de Maceió, nesta semana, com suspeita de terem contraído a Síndrome de Haff, conhecida como doença da urina preta. Elas teriam consumido peixe durante um almoço em Marechal Deodoro.
Em nota, a Prefeitura de Marechal Deodoro informou que a Vigilância Sanitária da cidade fez a interdição de pelo menos 32kg de peixes do estabelecimento em que as pessoas teriam feito a refeição, na Massagueira.
“A Secretaria Municipal de Saúde, por meio da Vigilância Sanitária, informa que recebeu a denúncia e já tomou todas as medidas necessárias. Ao ser comunicada do ocorrido, a Vigilância realizou a interdição cautelar de, em média, 32kg de peixes. Todo o produto está sendo submetido a uma análise através do Laboratório Central de Saúde Pública de Alagoas (LACEN-AL) em parceria com um laboratório especializado. O material será rigorosamente examinado e mediante o resultado do laudo, o LACEN-AL e a Vigilância Sanitária de Marechal Deodoro darão prosseguimento à investigação”, diz a nota.
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) afirmou que as amostras foram coletadas e estão em análise.
“A Gerência do Laboratório Central de Alagoas (Lacen/AL) informa que recebeu as amostras do pescado coletadas pela Vigilância Sanitária de Marechal Deodoro e que está em processo de análise. Ressalta, entretanto, que não há um prazo determinado para conclusão, uma vez que o processo requer minucioso estudo para comprovar ou descartar a presença da toxina proveniente de algas marinhas no pescado analisado, que podem ou não ter provocado os casos suspeitos de Síndrome de Haff, conhecida como doença da urina preta”, comunicou a Sesau em nota.
O infectologista doutor Fernando Maia explicou o que causa a doença e esclareceu o que deve ser feito para que a população tenha cuidado ao consumir os alimentos.
“Não precisa entrar em pânico. Essa doença é causada pelo consumo de peixes ou outros frutos do mar que estão contaminados com uma alga, que ocorre no mar nesta época do ano. Houve aquele caso em Recife no início do ano e agora tem essas duas suspeitas aqui. Essa doença é causada por essa toxina que o peixe consome algas e elas se reproduzem mais em certas épocas do ano e aí o peixe se contamina, e quem consumir essa carne do peixe contaminada, desenvolve a doença, que pode ser de forma leve ou um pouco mais severa, depende do caso”, iniciou a explicação.
“Essa doença vai causar alteração muscular, fraqueza muscular, porque a toxina atua exatamente nos músculos. Ela causa uma inflamação muscular, que solta uma substância no sangue chamada mioglobina. Essa mioglobina ao tentar ser eliminada pelos rins causa lesão renal. O paciente geralmente cursa com dor no corpo e a urina fica logo muito escura, se deixar evoluir, a urina começa a ficar com a quantidade diminuída por causa da lesão renal. Então, se você consumiu peixe nas últimas horas ou últimos dias, começou a ter dor muscular e a urina começou a ficar muito escura, é importantíssimo procurar o serviço de urgência o mais rápido possível para que se possa fazer o diagnóstico correto e iniciar o tratamento correto também”.
Ainda de acordo com o infectologista, mesmo que o fruto do mar seja bem cozido, isso não impede que a toxina seja eliminada caso o alimento esteja contaminado.
“O alimento não sofre nenhuma alteração nem na cor e nem no gosto, não dá para saber olhando para o alimento se ele está contaminado ou não. Outra coisa importante: o cozimento não elimina a toxina. Mesmo que o peixe seja bem cozido, isso não elimina a toxina. A orientação é não consumir peixe que é pescado aqui na beira do litoral, o ideal nesta fase é apenas que se consuma peixe que é pescado em alto mar, que não haverá esse problema”.
Síndrome de Haff
A doença de Haff está associada à ingestão de crustáceos e pescados e o principal sintoma é o escurecimento da urina, que chega a ficar da cor de café. A síndrome pode evoluir rapidamente: os primeiros sintomas surgem entre 2 e 24 horas após o consumo de peixe, e causa, principalmente, a ruptura das células musculares.
Além da urina preta, entre os principais sinais da doença, estão a dor e rigidez muscular, dormência, perda de força e falta de ar.
A doença chamou a atenção da sociedade em março deste ano, quando a veterinária Pryscila Andrade, de 31 anos, morreu após passar 12 dias internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular do Recife. A suspeita é de que ela tenha contraído a Síndrome de Haff após consumir um peixe contaminado.
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Fonte: TNH1